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Novo estudo revela que não há ligação entre cannabis e declínio cognitivo

Novo estudo revela que não há ligação entre cannabis e declínio cognitivo

O uso frequente de cannabis não resulta necessariamente em declínio cognitivo em idosos, de acordo com os resultados de um novo estudo.

Os pesquisadores descobriram que pacientes de maconha medicinal e não usuários “não diferiram significativamente em medidas de desempenho cognitivo. Além disso, nenhum dos padrões de uso de CM (cannabis medicinal) foi associado à performance cognitiva”.

O relatório, publicado na Drug and Alcohol Review, tinha como objetivo “avaliar a relação entre o uso de cannabis medicinal a longo prazo e a função cognitiva de um grupo de pacientes de meia-idade e idosos com dor crônica”.

O estudo transversal analisou pacientes com dor crônica, de 50 anos ou mais, que tinham licença de maconha medicinal, comparando-os com um grupo de pessoas da mesma idade que não usava cannabis. Os pesquisadores utilizaram a bateria informatizada da CogState, modelos de regressão e testes bayesianos para comparar seu desempenho cognitivo em termos de reação psicomotora, atenção, memória operacional e capacidade de aprendizado, concluindo que “o uso de CM de planta inteira não exerce impacto cognitivo significativo em pacientes mais velhos com dor crônica” e que suas pesquisas “poderiam ser o primeiro passo para uma melhor avaliação do risco-benefício do tratamento com cannabis medicinal nessa população”.

De acordo com o Dr. Galit Weinstein, um dos pesquisadores responsáveis pelo relatório, “além de comparar usuários e não usuários, concentramo-nos nos usuários de cannabis, verificando se as doses (ou seja, a força) e a frequência de uso estavam relacionadas à função cognitiva. Não encontramos associação estatisticamente significativa, o que reforça a ideia principal do estudo, de que o uso de cannabis na velhice não tem efeito sobre a função cognitiva.

Evidentemente, existe uma diferença entre os efeitos cognitivos momentâneos do uso da maconha e potenciais efeitos duradouros. “Indivíduos com intoxicação aguda tendem a demonstrar déficit de desempenho cognitivo, principalmente na memória e na capacidade de assimilar novas informações”, disse Weinstein ao Cannigma. “No entanto, esses efeitos diminuem junto com a sensação de ‘euforia’. No estudo atual, focamos as implicações não agudas ou de longo prazo do uso de cannabis no cérebro, particularmente relevantes na população idosa, propensa a degeneração cerebral, declínio cognitivo e demência, incluindo o Mal de Alzheimer”.

Os pacientes de cannabis medicinal usaram a planta, em média, por 4 anos, com um consumo médio de 31 gramas por mês e 33 doses / sessões por semana. A forma de administração mais comum foi o fumo (68,6%), seguida de extratos oleosos (21,4%) e vaporização (20%). O nível médio de THC da cannabis utilizada foi de 15,9 ± 6,2%, e o nível médio de CBD, de 2,7 ± 3,7%.

O estudo foi realizado por pesquisadores da Technion e da Universidade de Haifa, em Israel, onde 25% dos pacientes de cannabis medicinal têm mais de 65 anos, de acordo com o estudo. A dor crônica é o quadro clínico mais comum para a prescrição de cannabis em Israel, com um consumo médio de 34 gramas por mês.

“Optamos por nos concentrar na dor crônica, porque é um quadro comum e uma das principais indicações para prescrição de cannabis”, explicou o Dr. Weinstein. “Estudos futuros são necessários para avaliar os efeitos do uso da cannabis em pacientes idosos que usam a planta para outros problemas de saúde”.

O estudo foi realizado com 63 pacientes de cannabis medicinal e 62 pacientes sem licença para uso da planta. Os pesquisadores excluíram indivíduos com diagnóstico de Doença de Parkinson, ansiedade ou doença mental grave, transtorno de estresse pós-traumático, demência clínica, esclerose múltipla, tumor cerebral, lesão cerebral traumática, acidente vascular cerebral e pacientes com câncer em tratamento quimioterápico, além de pessoas que não entendem hebraico. Todos os pacientes de cannabis medicinal deveriam ser usuários de cannabis por pelo menos um ano.

A média de idade dos participantes foi de 61 anos e 48,8% deles eram do sexo masculino. Embora os pacientes de cannabis medicinal fossem, em geral, três anos mais velhos (63 anos x 60 anos) e mais propensos a ter depressão (21% x 7%) ou doença cardiovascular (21% x 3%), observou-se uniformidade em termos de gênero, níveis de educação e padrões de consumo de álcool e cigarro, de acordo com os pesquisadores.

Uma limitação do estudo, escrevem os pesquisadores, foi a impossibilidade de testar a cognição anterior ao consumo da maconha, de modo que não houve como medir a relação entre causa e efeito da planta.

Além disso, eles não coletaram informações sobre quais quimovares de cannabis foram utilizados, nem sobre analgésicos ou medicamentos psicoativos tomados ​​pelos participantes do teste.

De acordo com os pesquisadores, a avaliação cognitiva utilizada “foi uma bateria breve, com sensibilidade limitada”, de modo que “é possível que a cannabis afete a cognição em domínios diferentes dos examinados no estudo atual”.

“Considerando as evidências acumuladas da eficácia do uso da cannabis em vários quadros clínicos comuns nessa idade, a falta de efeitos adversos no cérebro na amostra atual de pacientes de mais de 50 anos com dor crônica pode contribuir para uma melhor avaliação do risco-benefício do tratamento com CM nessa população”, concluem os pesquisadores.

Este não é o primeiro estudo a avaliar o declínio cognitivo e o uso de cannabis, embora pareça mais criterioso do que estudos anteriores.

Um estudo de 2012 mostrou que o uso continuado da cannabis “está associado ao declínio neuropsicológico em todos os domínios de funcionamento, mesmo em indivíduos com o mesmo nível de educação”.

Outro estudo com 856 gêmeos de 428 famílias “indica pouca probabilidade de um potencial efeito causal do uso da cannabis na cognição, resultado consistente com estudos anteriores de gêmeos”.

Enquanto isso, uma revisão sistemática, publicada no início deste ano, de décadas de pesquisas sobre mães que usam cannabis durante a gravidez, revelou que “não existe uma associação direta entre a exposição pré-natal à cannabis e efeitos cognitivos clinicamente relevantes”.

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