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Uso/Dependência de Opioides

A Cannabis Pode Ajudar no Uso/Dependência de Opioides?

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Visão Geral

Embora os estudos estejam longe de serem conclusivos, há sinais promissores de que a cannabis tem um papel importante a desempenhar no tratamento de vários problemas associados ao uso de opioides.

Por exemplo, estudos recentes apontam o uso da cannabis como uma forma eficaz de controlar as náuseas e a insônia relacionadas à abstinência de opioides. Foi demonstrado também que a cannabis alivia a dor que geralmente leva ao uso de opioides. Algumas pesquisas indicam que a cannabis pode servir, inclusive, para tratar o transtorno por uso de opioides (OUD, do inglês Opioid Use Disorder).

Muitos profissionais de saúde estão considerando cada vez mais a cannabis como parte de uma abordagem terapêutica para o tratamento de diversos problemas relacionados ao uso de opioides. Embora a quantidade de pesquisas ainda seja limitada, os resultados iniciais são encorajadores. As autoridades de saúde alertam, porém, que são necessárias mais pesquisas, principalmente estudos clínicos randomizados.

O Sistema Endocanabinoide

Para entender melhor como a cannabis pode ajudar os usuários de opioides, é importante analisar o sistema endocanabinoide (SE) do corpo humano e sua interação complexa com os elementos químicos dos opioides e da cannabis.

O SE (que só recentemente descobriu-se existir em todos os vertebrados) regula uma série de funções biológicas, sobretudo por meio da modulação da homeostase. Ele é composto por três partes principais: os canabinoides endógenos (também conhecidos como endocanabinoides, ou seja, canabinoides produzidos no corpo), os receptores aos quais os canabinoides se ligam (chamados CB1 e CB2) e enzimas que ajudam a sintetizar e decompor os endocanabinoides. Os receptores CB1 estão concentrados no sistema nervoso central, enquanto a maioria dos receptores CB2 se localiza no sistema imunológico.

Os canabinoides produzidos fora do corpo, como os fitocanabinoides (produzidos pelas plantas), também são capazes de interagir com o sistema endocanabinoide do corpo humano. Os fitocanabinoides são derivados de vários tipos de plantas, mas na Cannabis Sativa (maconha) sua quantidade chama atenção. Existem mais de 140 fitocanabinoides conhecidos na cannabis, mas o tetra-hidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD) são os principais, em termos de concentração.

É importante observar que o sistema endocanabinoide é apenas um tipo de sistema neurotransmissor no corpo humano. Outro é o sistema opioidérgico, regulado pelos opioides, e os pesquisadores só agora estão começando a entender como os dois sistemas funcionam no controle da dor e da ansiedade, por exemplo, e como sua atuação pode aumentar ou diminuir o risco de abuso de drogas.

Dependência de Opioides e Cannabis

O número de pesquisas relacionadas à cannabis não é muito alto nos Estados Unidos por causa da classificação histórica da maconha como droga perigosa em 1937, dificultando os esforços nessa área. Com a crescente e recente aceitação da cannabis como droga legalizada e medicinal nos EUA, começa a aumentar o número de pesquisas, incluindo estudos sobre o uso da cannabis como ferramenta contra o abuso de opioides. Atualmente, diversos estudos observacionais, assim como algumas pesquisas clínicas e pré-clínicas, fornecem uma visão sobre os possíveis benefícios da cannabis.

Por exemplo, um relatório de 2018 do National Institutes of Health analisou a complexa interação entre os sistemas endocanabinoide e opioidérgico, e apontou a qualidade da cannabis como alternativa analgésica e de substituição aos opioides. Também relatou o alívio dos sintomas de abstinência dos opioides e a diminuição das recaídas. De acordo com o estudo, os receptores CB1 e os receptores opioides “mu” são distribuídos nas mesmas áreas do cérebro. Essa sobreposição biológica indica a interação entre os dois sistemas, especialmente no que se refere às respostas de recompensa emocional e outras atividades fisiológicas que podem influenciar na suspensão dos opioides.

Um estudo anterior realizado pela Universidade de Michigan em 2016 mostrou que o uso de cannabis medicinal está associado à diminuição do uso de opioides. Utilizando um questionário online, os pesquisadores conduziram um estudo retrospectivo transversal com 244 pacientes de cannabis medicinal que apresentaram dor crônica entre 2013 e 2015, concluindo que a cannabis pode ser um recurso essencial no tratamento dos sintomas de abstinência de opioides.

Um estudo de 2018, publicado pelo Howard University Hospital, sobre os efeitos da cannabis nos resultados do transtorno por uso de opioides revelou que um dos principais benefícios da maconha é que o CBD atua diretamente no controle das náuseas, uma das reações adversas mais comuns na suspensão de opioides. Os pesquisadores alertaram, no entanto, para o risco de desorientação e letargia produzidas pela cannabis no caso de alguns usuários.

Um estudo de 2019 também analisou como o CBD pode ser usado no tratamento de abuso de opioides. O estudo exploratório, duplo-cego e randomizado, controlado por placebo (publicado no The American Journal of Psychiatry), revelou que o canabidiol (CBD) pode reduzir o desejo e a ansiedade induzidos por estímulos, dois aspectos críticos da dependência, que geralmente contribuem para a recaída e o uso contínuo de drogas. É importante observar que o CBD foi investigado em pacientes viciados em heroína, mas os pesquisadores se afirmaram confiantes de que os mesmos dados se aplicam à dependência de outros tipos de opioides.

Além disso, um estudo canadense de 2018 publicado na publicação Addiction analisou a relação entre o uso da cannabis e as chances de um indivíduo se manter fiel a um programa de tratamento antiopioide. Ele concluiu que o uso diário da maconha foi um dos principais fatores de persistência nesse tipo de tratamento em Vancouver.

Embora um número cada vez maior de estudos explore o uso da cannabis no combate ao abuso de opioides, pelo menos um estudo, realizado em 2015, não encontrou evidências de redução dos sintomas de abstinência dos opioides em função do consumo de maconha (em forma de cigarro) após redução da dose de metadona.

Efeitos Colaterais

Acredita-se que a cannabis seja um tratamento medicamentoso seguro para uma série de casos. Não houve relato de mortes ao longo de toda a sua história.

Potential_side_effects_Of_Cannabis

A maioria dos efeitos colaterais relatada é de leve a moderada e inclui fadiga, sonolência, diarreia, vômito, perda de apetite e febre. Os efeitos colaterais de curto prazo do THC podem incluir perda de memória, falta de coordenação motora e desorientação. Os efeitos colaterais, a longo prazo, podem incluir comprometimento cognitivo, pequeno risco de dependência e maior risco de desenvolver um distúrbio psicótico.

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