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Flavonoides: as Substâncias da Cannabis das Quais Você Nunca Ouviu Falar

Flavonoides: as Substâncias da Cannabis das Quais Você Nunca Ouviu Falar

Se você acompanha as notícias sobre cannabis, provavelmente já ouviu falar de canabinoides e terpenos, os elementos químicos mais conhecidos da cannabis. No entanto, há uma classe menos conhecida de substâncias, os chamados flavonoides.

Os flavonoides são encontrados na cannabis, mas não são exclusivos dessa planta. Cientistas os encontraram em diversos outros tipos de espécies, desde flores como as da cannabis até frutas, grãos e vegetais que costumamos comer. Eles dão cor, aroma e sabor às plantas que os contêm.

Devido aos benefícios terapêuticos, esse grupo de substâncias se tornou um ingrediente indispensável em muitas aplicações nutracêuticas, farmacêuticas, medicinais e cosméticas.

Canaflavinas: os Flavonoides Específicos da Cannabis

O subconjunto de flavonoides encontrado na cannabis é chamado canaflavina, e foi descoberto em 1986 pela pesquisadora Marilyn Barrett, da Universidade de Londres. Barret encontrou inicialmente dois tipos específicos de flavonoides da cannabis; outros 20 foram revelados desde então.

Na cannabis, como em outras plantas, esses flavonoides podem afetar o sabor, cor e aroma das flores. Eles também podem alterar a maneira como uma determinada variedade ou cepa de cannabis afeta a quem os ingere.

Cada cepa de cannabis tem uma mistura única de componentes químicos. Mas mesmo dentro da mesma cepa de cannabis pode haver uma grande variação na presença de substâncias naturais, o que significa que você pode ser afetado de formas diferentes e experimentar variados benefícios terapêuticos, dependendo da mistura de substâncias químicas naturais da cannabis que você está consumindo.

Talvez você tenha ouvido falar que terpenos e canabinoides são os únicos responsáveis pelos fatores perceptivos e medicinais; no entanto, os flavonoides também causam efeitos diferentes.

Interação com Outras Substâncias da Cannabis

Não apenas isso: as substâncias presentes na cannabis também podem gerar efeitos diferentes dependendo de quais outros ativos estão presentes na mistura a ser consumida. Isso é chamado de ‘efeito entourage’, ou seja, a sinergia entre os ativos da cannabis que, juntos, criam efeitos que não seriam obtidos de suas partes individuais.

Estudos demonstraram que alguns flavonoides podem alterar os efeitos do THC da mesma forma que o CBD. Ao inibir certas enzimas, sua presença pode bloquear parte do metabolismo do THC, alterando sua sensação e seu efeito.  

Efeitos Terapêuticos Potenciais

A pesquisa sobre esses componentes químicos menos explorados na planta da cannabis ainda é muito limitada, mas os estudos já realizados são promissores. Também podemos aprender muito com pesquisas feitas com flavonoides derivados de outras plantas que não a cannabis.

Abaixo, confira alguns dos benefícios dos flavonoides apontados por cientistas.

Alívio da Inflamação

Um benefício terapêutico já constatados das canaflavinas são suas propriedades anti-inflamatórias. Embora muitos flavonoides sejam anti-inflamatórios, certas canaflavinas parecem oferecer alívio mais potente em casos de inflamação. A canaflavina A e a canaflavina B apresentaram benefícios anti-inflamatórios 30 vezes mais eficazes que a aspirina, o que é uma grande notícia para quem sofre de doenças inflamatórias. Se tivéssemos boas fontes de canaflavinas isoladas, os fornecedores de cannabis para uso medicinal poderiam oferecer um tratamento para inflamações muito mais eficaz do que os disponíveis atualmente.

Prevenção e Combate ao Câncer

Também há evidências crescentes de que os flavonoides podem ajudar na prevenção e tratamento do câncer. 

Estudos têm mostrado que os flavonoides conseguem desencorajar o processo de carcinogênese, interferindo em várias vias de transdução de sinal relacionadas ao crescimento do câncer e à sua disseminação por todo o corpo. Sua ação limitaria a proliferação, angiogênese e metástase das células cancerígenas, podendo até aumentar a apoptose – a morte de células cancerígenas.

Um recente estudo, realizado em 2019, descobriu que as canaflavinas mostram resultados promissores no tratamento para o câncer de pâncreas, tanto em termos de redução do tamanho de tumores quanto na prevenção de tumores secundários. Essa pesquisa é obviamente limitada e são necessários mais estudos para entender-se como elas poderão ser utilizadas por pacientes em sua luta contra esta doença.

Promoção da Saúde da Pele 

Os flavonoides também podem ser muito úteis para proteger e tratar doenças de pele. Como vimos acima, eles podem ser potentes agentes anti-inflamatórios e antioxidantes, o que é ótimo para a epiderme. Além disso, também há evidências que eles podem proteger contra despigmentação, combater os danos causados pelo sol e os efeitos do envelhecimento sobre a pele.

Outra característica muito favorável é o fato dos flavonoides serem muito bem absorvidos pela pele. Isso significa que podem ser muito eficazes quando usados em formulações tópicas. Embora ainda sejam necessários mais estudos para descobrir exatamente quais formulações serão úteis e seguras para consumidores, os resultados das pesquisas feitas até o momento atual indicam que eles podem ser de grande ajuda para diferentes doenças de pele.

Os pesquisadores também encontraram evidências de que flavonoides atuam como neuroprotetores,  antibacterianos, antivirais e antialérgicos, ajudando a combater a hepatite, reduzir contusões, aliviar o glaucoma e acalmar a ansiedade.

As Pesquisas Estão Só Começando

Embora os flavonoides, incluindo canaflavinas, sejam substâncias claramente potentes e terapeuticamente ativas, ainda é cedo para afirmar sua eficácia no tratamento para doenças específicas. Até o momento, temos poucos testes em humanos sobre seu uso em tratamentos específicos. Além disso, há outros obstáculos a serem vencidos.

Para começar, em muitos países é bastante difícil obter aprovação para pesquisar a cannabis, aliado ao fato de que os flavonoides, de forma geral, não são considerados como prioridade em estudos já aprovados sobre o uso medicinal da cannabis em seres humanos. Sua biodisponibilidade limitada quando ingerida por via oral e a quantidade muito pequena de canaflavinas na cannabis representa outro desafio para o desenvolvimento de terapias. Seriam necessárias grandes quantidades de cannabis para obter o volume de flavonoides suficiente para os tratamentos propostos, implicando em custos proibitivos para a maioria dos pacientes.

Mesmo assim, os estudos preliminares já disponíveis estão começando a inspirar outros pesquisadores a investigar essas promissoras substâncias. Alguns estudos têm como objetivo descobrir formas de produzir mais canaflavinas por planta, ou seja, encontrar formas mais econômicas de obtê-las. A esperança é que, no futuro, os cientistas descubram mais sobre como produzir e usar canaflavinas de maneiras mais específicas, passando a oferecer tratamentos baseados em flavonoides para doenças específicas.

Enquanto isso não acontece, você ainda assim pode aproveitar os benefícios da canaflavina em sua cannabis. Ela constitui apenas 0,014% do volume da planta – mas isso faz toda a diferença!

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