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5 formas com as quais a cannabis afeta seu corpo (e você nem sabia)

5 formas com as quais a cannabis afeta seu corpo (e você nem sabia)

A cannabis pode ser uma pausa relaxante no final do dia. Ou um hobby para curtir com os amigos. Pode ser, também, uma maneira divertida de tornar filmes, músicas e programas de TV muito mais agradáveis. Mas devido às centenas de compostos ativos da maconha, ela pode causar diferentes efeitos sobre o corpo humano, incluindo alguns que não são lá tão óbvios. Eles estão diretamente relacionados com o sistema endocanabinoide (SE), o qual existe em todos os vertebrados e desempenha um papel fundamental na regulação de funções cruciais, como sono, dor e apetite.

Nossos corpos produzem seus próprios canabinoides, mas o SE pode ser estimulado por muitos dos mais de 140 canabinoides encontrados na cannabis (os fitocanabinoides). A exemplo do THC, estes elementos provocam diferentes efeitos no corpo humano.

Aqui, listamos alguns dos efeitos menos abordados.

Mulher fumando um cigarro de cannabis

1. Existe uma correlação entre a cannabis e o baixo peso

O estereótipo do drogado ancorado no sofá, com “larica” e devorando sacos de batatas fritas é para muitos a imagem mais eloquente da cannabis. No entanto, uma pesquisa apontou que, embora a cannabis aumente o apetite, ela pode, na verdade, ter uma correlação com baixo peso.

Em uma meta-análise de pesquisas existentes realizada em 2018, foi apontado que os usuários de cannabis tinham IMC (índice de massa corporal) e taxas de obesidade significativamente mais baixos quando comparados com não usuários. Os pesquisadores sugeriram que o consumo crônico de cannabis “reduz o armazenamento de energia e aumenta as taxas metabólicas”.

Alguns estudos feitos com animais sugerem que o THCV, um canabinoide menor que pode ser encontrado em concentrações variadas em diferentes cepas de cannabis, “pode suprimir o consumo de alimentos e o peso corporal”.

Outras pesquisas também confirmaram que as taxas de obesidade são mais altas em pessoas que não usam cannabis. Existe, além disso, uma explicação anedótica mais simples que reforça essa correlação entre cannabis e baixo peso: o consumo da planta pode ser relaxante e terapêutico, contrabalançando o excesso de apetite provocado por estresse.

2. Pode ajudar quem sofre de TEPT a substituir memórias traumáticas

O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é uma condição passível de tratamento com maconha medicinal em muitos países. Pesquisas mostram que a cannabis tem a capacidade de reduzir os sintomas da doença e, também, de melhorar a qualidade do sono dos pacientes.

Interessante notar por quê a cannabis pode ser eficaz contra os sintomas dessa doença incapacitante a qual, até o momento, não encontra tratamento dentro da medicina tradicional. Os cientistas descobriram que um dos principais receptores com os quais a cannabis interage, o receptor CB1, é responsável pelo o que é chamado de processo de “extinção”. Este permite que novas informações substituam memórias antigas, incluindo aquelas traumáticas.

De acordo com a teoria do professor de Psiquiatria de Yale, R. Andrew Sewell, estimular os receptores CB1 com canabinoides pode aliviar os sintomas de TEPT e, possivelmente, até mesmo curá-la. Isso porque a planta permite que ocorra o processo de extinção o qual sobrescreve as memórias traumáticas. 

Antes de sua morte em 2013, Sewell lançou um estudo para examinar como a administração da cannabis poderia ajudar veteranos de guerra a se tornarem aptos a participar de uma “terapia de exposição”. A ideia era realizar diversas sessões durante as quais eles revisitariam o trauma repetidamente até que ele deixasse de ser debilitante.

Uma explicação mais simplista a respeito de como a cannabis pode ajudar no PTSD considera o fato de que a planta pode ajudar a melhorar a qualidade do sono.

3. Pode tanto reduzir quanto aumentar a ansiedade

Com seus efeitos relaxantes, a cannabis é usada com frequência para aliviar o estresse e a ansiedade. Um estudo de 2015 descobriu que o sistema endocanabinoide “parece determinar o valor dos estímulos que evocam o medo e sintonizar respostas comportamentais adequadas”.

Um estudo posterior realizado em 2017 afirmou que o uso crônico de cannabis “está associado a uma reação embotada em relação ao estresse”. Assim, pode diminuir a forma como as pessoas respondem a estímulos estressantes.

Mulher ansiosa observa pela janela

No entanto, não é possível abordar os efeitos da cannabis no estresse e na ansiedade sem discutir seu “efeito bifásico”, ou seja, o fato de a cannabis ser capaz de provocar efeitos diferentes e até mesmo opostos, variando de acordo com as doses. A cannabis, especialmente em doses maiores ou mais potentes, pode provocar ansiedade, pânico e paranoia nos usuários. Pessoas com tendência à ansiedade devem preferir começar a consumir cannabis em pequenas doses ou, até mesmo, microdoses.

Outro fator que pode influenciar os efeitos da cannabis na redução da ansiedade são os terpenos. A cannabis possui muitos elementos importantes além do THC e do CBD: existem centenas de outros compostos com efeitos diferentes. Alguns terpenos, como mirceno, alfa-pineno, limoneno e linalol, têm demonstrado propriedades de redução da ansiedade. Isso parece sugerir que  variedades de cannabis com altas concentrações desses elementos podem ser mais eficazes no tratamento da ansiedade do que outras.

4. Raros, mas assustadores: náuseas e vômitos incontroláveis

Você provavelmente nunca ouviu falar dessa condição, mas a síndrome de hiperêmese canabinoide (CHS) é um efeito colateral raro e sério decorrente do uso crônico de cannabis. Ela causa episódios repetidos e graves de vômitos, náuseas e dor abdominal que podem durar dias. Antes de serem diagnosticados, os pacientes geralmente conseguem aliviar temporariamente os sintomas tomando um banho quente, às vezes por horas a fio. A única maneira conhecida de tratar a CHS, no entanto, é parar de usar cannabis.

A condição aparentemente é resistente às fortes propriedades antieméticas (antináuseas) da cannabis. Na verdade, muitos pacientes aumentam o consumo de cannabis antes de serem diagnosticados, porque acreditam que isso ajudará a aliviar as náuseas.

Embora não se saiba exatamente o que causa a síndrome de hiperêmese canabinoide, uma das teorias existentes defende que estimular o receptor CB1 pode causar efeitos negativos no intestino, como esvaziamento gástrico retardado e motilidade intestinal alterada. No entanto, para a maioria das pessoas as propriedades antieméticas da cannabis são mais poderosas.

5. Supressão do sono REM e dos sonhos

Muitas pessoas que interrompem o consumo de cannabis notam que começaram a sonhar mais. Ou, pelo menos, começam a se lembrar de seus sonhos muito mais do que antes. Os efeitos supressores de sonhos da cannabis, quando suspendida repentinamente, podem significar sonhos bizarros, vívidos ou muito lúcidos (e por vezes pesadelos). 

Esta é também uma das razões pelas quais a cannabis pode ajudar as pessoas que sofrem de TEPT, uma vez que suprime os pesadelos que as impedem de ter uma noite de sono saudável.

Um estudo de 2008 descobriu que “maconha fumada e Delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) reduzem o sono REM”. Ao mesmo tempo, esse estudo afirmou que a “dificuldade para dormir e os sonhos estranhos” estão entre os sintomas mais consistentemente relatados de abstinência aguda e sub-aguda de cannabis.

Em última análise, embora a supressão dos sonhos possa inibir a capacidade do cérebro de limpar “subprodutos tóxicos”, a cannabis é um sonífero altamente eficaz e pode ajudar as pessoas que sofrem de insônia e pesadelos a obter o descanso de que precisam. 

De larica aos olhos vermelhos, boca seca e tendência a rir de coisas que objetivamente não são engraçadas, a cannabis tem muitos efeitos que são de conhecimento geral. Mas a planta realmente tem uma gama muito mais ampla de benefícios potenciais, e também de efeitos colaterais. A continuidade de diferentes pesquisas nos ajudará a compreender cada vez melhor a planta e as melhores formas de utilizá-la.

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