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A Cannabis Pode Ajudar Pacientes com Neuropatia?

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Visão Geral

A cannabis pode ajudar no tratamento da neuropatia? As evidências parecem dizer que sim, e muitos Estados dos EUA, além de outros países, já aprovaram o uso da marijuana medicinal para seu tratamento. Fora isso, há muitas pesquisas sendo realizadas nesse momento, as quais sugerem que a cannabis é útil nesse caso em função de seu impacto no sistema endocanabinoide – o qual está diretamente envolvido na dor neuropática. Defende-se a eficácia da cannabis tanto na redução das dores associadas à doença quanto na promoção da neurogênese.

Como a Cannabis Atua na Neuropatia

O sistema endocanabinoide mantém a homeostase, ou seja, o equilíbrio natural do organismo. Está envolvido em processos humanos básicos, como memória, sono, inflamações, fome, humor e dor.

O corpo produz seus próprios canabinoides, os quais interagem com o sistema endocanabinoide; já aqueles encontrados na cannabis (como o THC e o CBD) também têm a propriedade de ativar os receptores de endocanabinoides no corpo humano. 

Há fortes evidências de que o sistema endocanabinoide (SEC) está envolvido na manifestação da neuropatia. Em modelos animais, uma disfunção no SE demonstrou relação com a dor neuropática. Um estudo apontou que quando a atividade do CB1 (o receptor primário do SE no sistema nervoso central) é excluída, os ratos apresentavam sinais de aumento da dor. Em outro estudo, a exclusão do receptor CB2, encontrado principalmente em nosso sistema imunológico, também provocou aumento da dor em ratos. 

Quanto mais receptores CB2 encontrarmos no sistema nervoso central, maior será a redução da dor neuropática. Em estudos animais da dor neuropática induzida pelo diabetes, juntamente com a induzida pela quimioterapia, a ativação dos receptores CB1 e CB2 também atuou como redutor da dor. Vale ressaltar que outros estudos, os quais utilizaram camundongos cujos receptores CB1 ou CB2 tinham sido bloqueados, não mostrou alterações no comportamento dos animais em relação à dor.

Modelos de ratos com dor neuropática também apresentaram respostas reduzidas à dor quando os CB1 e CB2 foram ativados. Esses pesquisadores descobriram que a ativação desses receptores antes de uma lesão poderia realmente impedir o desenvolvimento da dor. 

Além disso, verificou-se que a ativação dos receptores CB1 e CB2 promove a neurogênese — o processo pelo qual novos neurônios são formados no cérebro. Os ativadores CB1 e CB2 aumentaram a proliferação celular e a sobrevivência das células cerebrais, e até mesmo restauraram as alterações resultantes da idade do cérebro. Como a neurogênese é reduzida em pacientes com dor neuropática, é possível que seu aumento possa ser útil para seu tratamento. 

Alguns estudos também mostraram que a ativação de receptores de canabinoides permitiu que as pessoas se beneficiassem do alívio da dor com uma dose menor de opioides.

Estudos Médicos Sobre Cannabis e Neuropatia

Existe um grande número de pesquisas pré-clínicas que sugerem a eficiência da cannabis na redução da dor neuropática em roedores. Mas e em relação aos humanos? 

Felizmente, existem alguns estudos, e até mesmo algumas revisões sistemáticas com metanálise, que analisam a tese de que a cannabis pode ajudar na neuropatia. Os resultados são geralmente positivos.

Uma meta-revisão de 2015, abrangendo vários estudos clínicos, descobriu que vários deles demonstraram efeitos de alívio da dor da cannabis, particularmente naquela associada com diabetes, esclerose múltipla e quimioterapia, três fontes comuns de dor neuropática. 

Uma meta-revisão de 2017 sobre a planta também descobriu que havia evidências conclusivas de que a cannabis representa um tratamento eficaz para a dor crônica. Embora esta revisão tenha analisado estudos sobre uma gama de diferentes tipos de dor crônica (incluindo neuropatia), descobriu-se que a cannabis ajudou a todos aqueles estudados, independentemente do problema de saúde. No entanto, a dor aguda, como a experimentada durante cirurgia ou imediatamente após uma lesão, não foi amenizada pela cannabis. Ainda mais recentemente, uma meta-revisão de 2018, analisando especificamente a dor neuropática, descobriu que a cannabis teve um desempenho similar ao de outras opções farmacêuticas no alívio da dor. 

Um estudo descobriu que os pacientes que fumavam maconha medicinal com baixas doses de THC apresentaram melhorias na dor neuropática em relação ao placebo. Um estudo semelhante, usando cannabis em flor com baixas doses de THC, também apresentou alívio da dor relacionada à esclerose múltipla quando comparada ao placebo. Além disso, um estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, usando cannabis inalada, mostrou um significativo efeito dependente da dose na dor em pacientes com neuropatia periférica diabética.

Tomar cannabis por via oral também pode ser útil. Estudos sobre o Sativex, um spray sublingual com partes iguais de THC e CBD, mostraram que ele pode proporcionar alívio da dor neuropática. Em um estudo em pacientes com esclerose múltipla, no prazo de dez semanas o Sativex levou ao alívio da dor quando comparado a um placebo. No entanto, passadas 14 semanas não havia mais diferença entre o placebo e o remédio, talvez sugerindo o desenvolvimento de tolerância aos efeitos analgésicos da cannabis. 

Estudos com nabilona, uma versão sintética do THC aprovada pelo FDA, também demonstraram resultados positivos. Um deles apontou que ela era significativamente mais eficaz no tratamento da neuropatia diabética do que o placebo. 

Embora o CBD não seja tão amplamente estudado como o THC no caso da dor neuropática, alguns estudos também mostraram que o CBD levou a reduções da neuropatia em pacientes com diabetes.

Efeitos Colaterais

Apesar do potencial positivo da cannabis no tratamento da neuropatia, o uso da planta é acompanhado por efeitos colaterais potenciais e que podem impedir seu uso por parte de alguns pacientes.

Em estudos de pacientes com neuropatia, os efeitos colaterais foram em geral modestos, mas incluíram sintomas como tontura, dificuldades leves de concentração e memória, taquicardia, boca seca, náusea e fadiga. Frequentemente, estes efeitos passam depois de algumas horas.

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