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Lesão da Medula Espinhal

A Cannabis Pode Ajudar na Lesão da Medula Espinhal?

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Visão Geral

A cannabis é uma opção terapêutica cada vez mais popular para pessoas que sofrem lesão da medula espinhal, também chamada de lesão medular ou traumatismo raquimedular. Aliás, muitos pacientes relatam reduções significativas na dor e na espasticidade muscular, os dois principais sintomas dessa condição debilitante.

Pesquisas recentes revelam que a eficácia da cannabis no tratamento de ferimentos da medula espinhal se deve à interação com o sistema endocanabinoide do organismo (SE), o qual desempenha um importante papel em seu funcionamento e pode atuar como um mecanismo de proteção após a ocorrência de lesões.

Mas qual a relação entre o SE e a lesão da medula espinhal? Existe alguma evidência de que a cannabis possa aliviar seus sintomas e até acelerar a recuperação? Vejamos o que dizem as pesquisas.

Como a Cannabis Funciona no Caso de Lesões da Medula Espinhal

O sistema endocanabinoide existe em todos os vertebrados e ajuda a regular funções cruciais, como sono, dor e apetite. O corpo humano produz seus próprios canabinoides, que controlam e ativam suas várias funções. E como o próprio nome indica, o sistema endocanabinoide também pode ser controlado e ativado por canabinoides encontrados na planta de cannabis. Como todo o sistema só foi descoberto recentemente, os cientistas ainda têm muito a aprender sobre as inúmeras formas de atuação da cannabis no corpo humano.

Esse sistema está presente em todo o corpo, incluindo no sistema nervoso central (SNC). A medula espinhal é um importante componente do SNC, com alta concentração de receptores CB1, além de um número menor de receptores CB2.

Pesquisas indicam que o sistema endocanabinoide desempenha diferentes funções no funcionamento da medula espinhal, incluindo o controle de reflexos (como retirar o dedo de uma superfície muito quente) e a sensação de dor.

Estudos em ratos mostraram também que a lesão da medula espinhal provoca um aumento nos níveis de 2-AG e anandamida (os dois principais endocanabinoides) no local da lesão. Aumentos semelhantes ocorrem com os receptores CB1 e CB2.

Os pesquisadores também demonstraram que o bloqueio dos receptores canabinoides após a lesão da medula espinhal em ratos atrasa a recuperação; outros descobriram que a administração de uma forma sintética do endocanabinoide 2-AG acelera sua recuperação após a lesão cerebral. 

Esses resultados sugerem que, após uma lesão na medula espinhal e no cérebro, o sistema endocanabinoide atua como um mecanismo de defesa contra danos adicionais.

Portanto, o uso da cannabis promete não apenas aliviar os sintomas de lesões na medula espinhal, como a dor, mas influenciar diretamente em sua recuperação.

Em epecial, a cannabis tem o potencial de proteger a medula dos chamados danos secundários da lesão medular, causados ​​por inflamação, estresse oxidativo e excitotoxicidade.

Embora os danos imediatos sejam inevitáveis, esses danos secundários, que começam minutos após a lesão medular primária e podem durar várias semanas, respondem bem ao tratamento com cannabis.

Estudos Médicos Sobre Lesão Medular e Cannabis

Embora não haja muitas pesquisas sobre a relação da cannabis com as lesões da medula espinhal, os resultados atuais são promissores, indicando que a maconha pode aliviar a dor, a espasticidade muscular e outros sintomas desse tipo de lesão.

Um estudo de 2003 analisou os benefícios do extrato de cannabis em pessoas com lesão medular e problemas relacionados a danos nos nervos, como esclerose múltipla e lesão do plexo braquial. Comparada ao placebo, a cannabis produziu alívio significativo da dor, melhora no controle da bexiga e diminuição da espasticidade muscular, com menos efeitos colaterais. Vale lembrar que a cannabis tem aprovação médica em diversos países para uso contra espasticidade e dor crônica.

Um estudo de 2007 sobre os efeitos do THC na espasticidade causada por lesão da medula espinhal revelou que, comparado ao tratamento com placebo, o THC reduziu o índice de espasticidade (uma forma de medir sua gravidade) de 16,7 para 8,9, em média. Os pesquisadores concluíram que “o THC é um medicamento eficaz e seguro no tratamento da espasticidade”.

Em paralelo, um estudo de 2016 analisou os benefícios da cannabis vaporizada em pessoas com dor neuropática causada por lesão e doença da medula espinhal. Em comparação com o placebo, as pessoas que vaporizaram cannabis com 2,9% ou 6,7% de THC experimentaram um alívio significativo da dor.

Além disso, vários estudos observacionais confirmam a popularidade da cannabis no alívio da dor e da espasticidade causadas por lesão medular (LM):

  • Um estudo de 2018 realizado no Colorado mostrou que 48% dos respondentes ​​com LM usavam maconha para aliviar a espasticidade e melhorar o sono.
  • Um estudo de 2019 realizado na Nova Zelândia com oito pessoas que sofreram LM revelou bons resultados do uso da cannabis no alívio da dor em casos nos quais a medicação padrão havia se mostrado ineficaz e tenha causado sonolência. 

Por fim, há evidências de que a maconha pode aliviar os sintomas da esclerose múltipla (EM), uma doença caracterizada por danos nos nervos semelhantes aos da lesão da medula espinhal. A cannabis é aprovada para o tratamento de sintomas associados à esclerose múltipla em muitos lugares nos quais ela é prescrita para uso medicinal.

Um estudo de 2018 analisou os resultados de várias pesquisas sobre o uso da cannabis no alívio dos sintomas da EM, revelando que os canabinoides foram eficazes na redução da dor neuropática e da espasticidade muscular, dois sintomas comuns à LM.

Em suma, não faltam evidências médicas de que a maconha pode aliviar a dor e a espasticidade associadas à LM. No entanto, são necessárias mais pesquisas para determinar se ela também pode acelerar a recuperação após esse tipo de lesão.

Efeitos Colaterais

A cannabis é um medicamento relativamente seguro, mas pode provocar alguns efeitos colaterais.

Estudos sobre o uso da cannabis no tratamento dos sintomas da LM em humanos revelaram efeitos colaterais psicoativos, como euforia, ansiedade, perda de memória e dificuldade de concentração, característicos da sensação de “high” da maconha. Esses efeitos, porém, foram bem tolerados pelos participantes do estudo, não sendo considerados graves.

Tais efeitos colaterais podem ser reduzidos ainda mais usando preparados de cannabis com alto teor de CBD, uma vez que ele não é intoxicante e pode neutralizar os efeitos psicotrópicos do THC, o principal canabinoide responsável pela sensação de “high” da cannabis.

A maconha também pode causar aumento da frequência cardíaca, olhos vermelhos, boca seca, sonolência, hipotensão e tontura, efeitos relativamente leves.

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